segunda-feira, 31 de março de 2014

É preciso estar acordado
Para o que é mais simples.
Um coração sussurrando
Pode ser aquela resposta
De um anjinho te dizendo
Em qual direção seguir
Diante de um cruzamento.

Ao Poeta da Simplicidade(Andorinhas cantam).
Poema em homenagem ao Mário Quintana

Sussurrou apenas alguns versinhos no meu ouvido.
Eu me calei e ouvi bem, com os olhos do coração.
O velho passarinho me levou até o céu, então.
Aquele senhor de idade me embala até hoje
Mesmo já tendo feita a passagem da velha casa
(Folheio os seus livros, onde nos encontramos sempre).
Mas o que é belo não tem idade.
Aliás, a idade dos ossos é algo efêmero.
As vezes quando eu leio os seus poemas(os dele)
Vamos juntos até o alto beber água das nuvens
Ouvir os anjinhos tocando na banda de música
E conversar com o Velho Leon Tolstói.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Convicção(Vou remando)

Vou seguindo passos
Dos que já andaram
Marcando na areia
Os traços, da alma
De quem me criou.
Dia e noite, noite e dia
Andando sem parar
Escalo montes
Subo e desço
Grandes montanhas
Para achar fontes
De água cristalina.
As estrelas, mansas
Aqueles pontinhos
Miúdos e brilhantes
Vão cantando, no céu
Me alegrando.
No alto há passarinhos
Pra quem sabe escutar.
Eu não me desvio
Do lugar onde vou
Onde devo chegar.
Eu assovio
E não paro nunca
De caminhar.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Estar acordado

Essa miraculosa magia
De escutar a natureza
É o que faz alguns viverem
Para dentro de si:
Ouvir um passarinho cantar
No beiral de uma janela.
Olhar uma estrelinha miúda
Brilhando naquela noite.
A brisa leve que nos eleva
Diante das ondas do mar.
Outros apenas ligam a tv
Depois de mais um dia.
Diante dos horrores
Dos terríveis telejornais
Acham que estão acordados.
No céu há passarinhos
Em cima das estrelas.
Cantam aos homens.
Aos que sabem
Com o coração ouvir
Sem precisar prendê-los
Na triste gaiola dos olhos.
Os olhos podem ser gaiolas
Que prendem os passarinhos
Se a gente não sabe olhar.
Mas se a gente deixa
O coração livre para voar
Dentro em si faz-se um ninho
Onde toda beleza do mundo
Vem em nós habitar.

domingo, 16 de março de 2014

Um cachorro preto atravessa a rua na madrugada.
Como um poema que caminha, a passos tranquilos,
Na estrada onde seguem os corações humanos
Ele pede para ganhar a vida sem dizer palavra.

O Eterno Espelho nas Mãos

 Pai, pra falar um poema
Eu te liguei ontem.
Eram alguns versinhos
Do Quintana
Que chegaram em mim. 
Versos pequenos, simples. 
Você não estava presente
Como as vezes fica
Para a minha vontade
De necessitar de você.
Essa vontade
Que me parece ausência
Mas acho que é de todo filho.
O grão da vida, porém
Me ensinou, com o tempo
A lhe cultivar.
E assim te ouço
Te admiro,
Te amo.
Assim eu canto
Os poemas da infância
Miraculosamente
Ao eterno espelho
Que nunca envelhece.

Ale Carvalho - 16/03/2014


Segundo Motivo as Janelas

Depois da chuva
No galho do cajueiro
Um bem-te-vi cantou
Chamando os outros:
Pardais, Quero-queros
Cardeais amarelos
Pássaros-pretos
O Azulão e o canário,
Mais bem-te-vis
Famílias de curiós
Galos de campina
O João-de-Barro
Tico-ticos no fubá
Sabiás do barranco
Pintassilgos-de-gravata
Até os rouxinóis,
Nas nossas terras
Seres tão raros.
Vários tons
Bordaram de cores
Os cantos das janelas.

É o meu coração
Como uma poesia
Escrita no papel
E jogada no rio.

sábado, 15 de março de 2014

Caiu chuva hoje
Nas ruas da cidade.
Inundou de poesia
Aquilo que seria
Apenas um dia
Nas vias de asfalto.

quinta-feira, 13 de março de 2014

O espelho

Aos adultos: não são as crianças que devem ser como nós. Nós que devemos ser como as crianças. O tamanho do espelho é inversamente proporcional a grandeza do coração.