terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Pega na terra...

E joga pro céu.
Abre a mão
Levanta a cabeça
Bota fé na oração
Que chove amor
No coração.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Quero desbravar mar.

Outro dia eu estava caminhando
Pelas ruas de um lugar diferente
No instante que me apareceu o rio.
Ele caminhava também, mas parou
E nos saudamos com os olhos.
Éramos muito nossos para fingir
Que não nos conhecíamos.

Pedi licença então, e devagar
Sem tirar os olhos dos olhos
Sentei nas pedras a margem dele.
Perguntei para onde ele corria.
Mal veio a primeira resposta
Num impulso de ousadia
Fiz a segunda pergunta:
Para onde você vai, pode me levar?

Ele, que já estava parado em mim
Me olhou mais profundamente
E perguntou, na sua língua de rio:
Se há lugar para você onde eu vou,
Há para mim lugar em você?
Sou grande, sabe? Grande
E não sei parar grandes instantes.
Nunca soube.
Para acompanhar-se de um rio
Você deve ter coração espaçoso
E deve também ser corajoso.

Sinceramente, continuou ele,
Sei onde vou chegar
Mas não sei por onde vou.
Nunca sei os meus passos.
Passo por caminhos pedregosos
Caio em corredeiras
Correntezas me arrastam.
Me seguir não é muito fácil.
Mas há também as belezas:
Muralhas antigas, árvores
Com quem converso.
Lugares únicos, por onde passo
Mulheres e homens belos
Que vem para mim cantar.
No mundo todo eu vou.

Respondi com essas palavras:
Não sei se amanhã de manhã
Quando o sol nascer mais um dia
Estarei aqui novamente.
Sou como o vibrar de um sino
Jogado nas águas.
Temos um fluir que se parece.
Desejo correr contigo
Desbravar matas, subir montes.
Passar algumas pedras é natural
A quem entregar o coração.

O rio então abriu seu leito
Como uma mãe
Que logo após o parto
Recebe o filho com tanto amor.
E eu deitei. Dormi ali,
Como aquele menino
Um pequeno príncipe
Filho daquela rainha
Que correria o mundo
Daquele dia em diante,
Levando-me consigo.
A margem do rio
Canta para mim
Lá onde eu moro.
Aliás, todos os rios
Cantam para mim
Não importa
Onde eu vou(ou irei).
Até nos livros
Nos mais antigos
Os rios
Me contam histórias.

E a minha alma, um dia...

Voará. Como a sua também.
Todos nós seguiremos
Ao caminho do amor.
Cada qual no seu tempo.

Caminhemo-nos

Para nos chegar.
Busquemos
Um coração
Que bate.

Minuto

A margem brilhava.
Refletiam a água
Os nossos olhos.
Eu te abraçava
Você me sorria
Não nos beijamos
Era proibido.
Ficamos no sorriso
E o amor terminou.
Se foi
E até agora vai
Nas horas que voam
Com o relógio.
Pois hoje
Quando te vejo
E quando me vejo
Algo em mim diz:
O amor sempre dura
Para se tornar eterno.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

A essa hora

O mundo já acabou
O sonho já acordou
A noite já clareou.
O pé já entortou
O mar já despejou.
A vida já duvidou.
A mulher já foi embora
Não ficou ficou a nora
Nem o cão
Pra lhe fazer companhia.
Mas a poesia
Lhe deixou palavras
(Escritas num papel):
Calçado ou descalço
Estarei nos seus pés.

Versinho

Jogo um jogo de capoeira por dia
Nesse incessante caminhar da vida
A poesia me acompanha e ginga
Lutando junto com o meu coração
Fazendo fluir nuvens do chão.

Renasceremos irmãos sempre.

Buscar a paz.

Faz parte do nosso caminhar
Nesse chão batido de grãos.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

18 de dezembro

A chuva cai
E me inunda.
Reside-me
A questão
De ser
E do estar.
Estou cheio:
Corro a calçada
Repleto de vida.
Alago
Inundo
Desvalo
Do monte
Caio
No chão.
A minha alma
É de água
E eu sou rio.
Sorrio e canto
A Deus.